sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Tristesse

Quando as forças já não dão. Quando o corpo não obedece.
A fraqueza é maior que a vontade de lutar.Os dias tão brancos, as noites tao escuras!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Como esquecer




Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer, os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece?
Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saiem de lá. Estúpidas!
É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou de coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza so há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de termina de lembra-lo. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doida, devidamente honrada. É uma dor que é preciso, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta magoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos moí mesmo e que nos da cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos distrairmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos, amigos, livros e copos, pagam-se depois em conduídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
Porque é que é sempre nos momentos em que estamos mais cansados ou mais felizes que sentimos mais falta das pessoas que amamos? O cansaço faz-nos precisar delas. Quando estamos assim, mais ninguém consegue tomar conta de nós. O cansaço é uma coisa que só o amor compreende. A minha mãe. O meu amor.
As pessoas nunca deveriam morrer, nem deixarem de se amar, nem separar-se, nem esquecer-se, mas morrem e deixam e separam-se e esquecem-se. Mas é preciso aceitar, é preciso sofrer, dar murros na mesa, não perceber. E aceitar. Se as pessoas amadas fossem imortais perderíamos o coração.
Há grandeza no sofrimento. Sofrer é respeitar o tamanho que teve um amor. No meio de remoinho de erros que nos resolve as entranhas de raiva, do ressentimento, do rancor ? temos de encontrar a raiz daquela paixão, a razão original daquele amor.
As pessoas magoam-se, separam-se, abandonam-se, fazem os maiores disparates com a maior das facilidades. Para esquece-las, é preciso choca-las primeiro. Esta é uma verdade tão antiga que espanta reparem como ainda temos esperanças de contorna-la.
Para esquecer uma pessoa não há vias rápidas, não há suplentes, não há calmantes, ilhas nas Caraíbas, livros de poesia ? só há lembrança, dor e lentidão, com uns breves intervalos pelo meio para retomar o fôlego.
Podemos arranjar as maneiras que quisermos de odiar quem amámos de nos vingarmos delas, de nos pormos a milhas, de lhe pormos os cornos, mas tudo isso não tem mal. Nem faz bem nenhum. Tudo isto conta como lembrança, tudo isso conta como uma saudade contrariada, enraivecida, embaraçada por ter sido apanhada na via pública, como um bicho preto e feio, um parasita de coração, uma peste, uma barata esperneante: uma saudade de pernas para o ar.
Quando já é tarde para voltar atrás, percebesse que há esquecimentos tão caros que nunca se podem pagar. Como é que se pode esquecer o que só se consegue lembrar! Ai, está o sofrimento maior de todos. Aí está a maior das felicidades.

Miguel Esteves Cardoso, Último Volume

sábado, 15 de janeiro de 2011

O amor, sim

Estive angustiada hoje, tentei me acalmar na leitura, mas divaguei, divaguei muito.
Perdi-me em devaneios e lembranças. Quero me esvaziar, quero me esvaziar de ti!
Não quero mais o teu sabor, porque és insípido. Fujo do espelho para não confrontar a mim mesma,
tripudiando a minha fraqueza. Quero te esquecer, mas quero que o amor fique, não me farás falta,mas, o amor sim. O amor que preenche, que me faz sentir viva, quente.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

4 seasons

É primavera, os botões desabrocham, os botões desabotoam é a descoberta do amor.
É verão, o sol queima a pele, o amor arde como fogo.Suores vem, suores vão na química perfeita da paixão. O outono é fall, fall in love, paixão intensa, mas, efemera e me foi arrebatada. assim, de sopetão, no inverno. Eu suspeitei desde o princípio: eras sazonal!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Naked

Estive nua à tua frente, nao reparaste na minha nudez. Atirei pérolas aos porcos, e só percebi
como elas eram pisoteadas tardiamente. Meu tesouro enxovalhado no meio da porcaria!
Minhas verdadeiras cores que para ti eram cinza. Minha compaixão, minha fé, minha esperança versus impessoalidade, crueldade,desamor. Ainda deito-me a sangrar e acordo ainda tentando curar as feridas. Será que falta muito ainda para beber agua limpa?

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

I cheated myself

Sou folha levada pelo vento, sou um animal que se perdeu do seu bando. Meus pés querem tocar o chão, minha cabeça já não quer mais esta névoa densa. Prefiro o anil dos amanhãs e não mais arrastar pelos dias.Quero ser encontrada e quero também encontrar.Estou viva e quero que vejas como estou viva porque cada dia dói de uma forma diferente. Forte, fraco, quente, morno...
mas ainda não ...frio.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

In the floor

Deixa-me aqui no chão. Não estendas o teu braço curto que não pode me alcançar. Chega de sentimentos rasos! À sorrelfa me destronaste, meu castelo ruiu e agora sou uma peregrina de outros reinos tentando te recriar a cada paragem. Não há outro rosto, nem calor que me aqueça, com tantas feridas, não há. Ofereces-me o que não podes dar. Deixa~me aqui no chão , o tempo com seus braços longos , levanta~me, suporta-me, cura-me.