Tu amarás outras mulheres
E tu me esquecerás!
É tão cruel, mas é a vida.
E no entretanto
Alguma coisa em ti pertence-me!
Em mim alguma coisa és tu.
O lado espiritual do nosso amor
Nos marcou para sempre.
Oh, vem em pensamento nos meus braços!
Que eu te afeiçoe e acaricie...
Não sei porque te falo assim de coisas que não são.
Esta noite, de súbito, um aperto
De coração tão vivo e lancinante
Tive ao pensar numa separação!
Não sei que tenho, tão ansiosa e sem motivo.
Queria ver-te... estar ao pé de ti...
Cruel volúpia e profunda ternura dilaceram-me!
É como uma corrida, em minhas veias,
De fúrias e de santas para a ponta dos meus dedos
Que queriam tomar tua cabeça amada,
Afagar tua fronte e teus cabelos,
Prender-te a mim por que jamais tu me escapasses!
Oh, quisera não ser tão voluptuosa!
E todavia
Quanta delícia ao nosso amor traz a volúpia!
Mas faz sofrer... inquieta...
Ah, com que poderei contentá-la jamais?
Quisera calmá-la na música...
Ouvir muito, ouvir muito...
Sinto-me terna... e sou cruel e melancólica!
Possui-me como sou na ampla noite pressaga!
Sente o inefável!
Guarda apenas a ventura
Do meu desejo ardendo a sós
Na treva imensa...
Ah, se eu ouvisse a tua voz!
Manuel Bandeira
terça-feira, 28 de setembro de 2010
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Vive-se tão pouco..
Só me dei conta de que a vida é tão curta
quando já vivi mais de vinte anos.
Em criança, ouvia os mais velhos dizerem
coisas que aconteceram há vinte anos atrás e aquilo me
parecia uma eternidade. Quando eu mesma comecei a dizer coisas
de há vinte anos atrás, descobri a celeridade do tempo e o quanto se
vive pouco.
quando já vivi mais de vinte anos.
Em criança, ouvia os mais velhos dizerem
coisas que aconteceram há vinte anos atrás e aquilo me
parecia uma eternidade. Quando eu mesma comecei a dizer coisas
de há vinte anos atrás, descobri a celeridade do tempo e o quanto se
vive pouco.
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